quinta-feira, 19 de março de 2009

Ímpar

29/03/1999

Vivo a morrer de amor
Sempre a me torturar
Este que falam ser “força maior”
Sempre me faz fraquejar

Faz-me pobre, o coração, no que sinto
Sou um mendigo a suplicar
Se me faltam a razão e o sentido
O que resta é me humilhar

Possuo um eterno amor servil
De quem sou escravo, sou leal
Por quem me infligiu
Tenho um amor irreal

Ando de joelhos
Curvo-me aos pés do domador
Deixo-me arder em desejos
- Tudo o que quiseres, meu amor!

Entrego tudo o que cobra
O resto comigo ficou
Contento-me com as sobras
Do que me faltou

Porque sou poeta
Tenho meia porta aberta à loucura
E o que me desconcerta
Já não tem chances de cura

De forma assim tão íntima
O que escrevo, olhos não poderão ver
O que me faz par e me faz ímpar
Só o coração pode entender

Eu sei que fere e dói
Mas prefiro ficar e persistir
Sei que este sentimento é feroz
Ele pode me matar e eu resistir!



Por Aline D’Eça

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