domingo, 17 de outubro de 2010

Embaralho

Tudo parece calmo
Um instante passou pelo avesso
E eu aqui no meu quarto
Revirando meu travesseiro

A vida lá fora me chama
O vento sopra a favor
A estabilidade indica
Tempo de alçar vôo

Mas aqui no meu canto
Perdida entre mil perguntas
Tento traçar qualquer plano
Talvez mais uma rota de fuga

Escolho as cartas
Não jogo
Embaralho

Tento outra aposta
A roleta gira
Não posso blefar desta vez

Fecho os olhos,
Mas a mente não para
O que fazer com esse medo?

Como apostar na felicidade
Se eu não sei como se faz
Nem nunca fui livre de verdade?

Por Aline D’Eça
17/10/2010

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

LANÇAMENTO DE LIVRO


LANÇAMENTO: Filhos do Cárcere, da jornalista Aline D’Eça

Na contra mão dos espetáculos de horror, eis um livro construído com os tijolos da sensibilidade e ternura. Essas são as palavras do Diretor da Faculdade de Comunicação da UFBA, Giovandro Marcus Ferreira sobre o livro Filhos do Cárcere, da autoria da jornalista Aline D’Eça, que será lançado no dia 06 de outubro, a partir das 19 horas. O primeiro livro-reportagem publicado pela Editora da Universidade Federal da Bahia terá o lançamento promovido no Café Primaz, localizado na Avenida Leovigildo Filgueiras, no bairro do Garcia.

O trabalho Filhos do cárcere nos proporciona um encontro com o rejeitado mundo prisional. Numa escrita envolvente nos faz percorrer o dia-a-dia do Complexo Penal Feminino em Salvador, a partir dos filhos e filhas de mulheres prisioneiras que ali estão cumprindo penas. Depois que os indivíduos infratores chegam ao cárcere, principalmen­te os pobres e desconhecidos, não mais interessam notícias sobre eles, mui­to menos sobre as implicações sociais do seu aprisionamento.

O fato de crianças serem geradas, nascerem e viverem no ambiente carcerário, expostas a todo tipo de risco, é um destes fatores desconhecidos por parcela da população. O tema, apesar de não ser novo, não costuma ser divulgado pela imprensa. Na Bahia, além de não encontrar nos veículos jornalísticos notícias sobre este assunto, inexistiam pesquisas de outras áreas do conhecimento sobre o tema. Diante da situação surgiu a ideia de abordá-lo por meio de um trabalho jornalístico que pudesse apresentar à sociedade uma perspectiva pouco conhecida do sistema penitenciário.

A intenção deste trabalho é ir além dos crimes e do noticiável, na tentativa de uma aproximação com o real. Números podem ser importantes, mas não mais que histórias de vida, não mais que as pessoas. Filhos do cárcere nos prova que é possível um jornalismo cívico, que clama por cidadania e, ao mesmo tempo, que nos sacode desenhando pequenos movimentos, cristalizando olhares e gestos que passam despercebidos no dia-a-dia, mas que são essenciais no mosaico da vida humana.

SERVIÇO

O que: Lançamento do livro Filhos do Cárcere, da autoria da jornalista Aline D’Eça
Quando: 06 de outubro de 2010, a partir das 19 horas
Onde: Café Primaz, Avenida Leovigildo Filgueiras, 270, Garcia
Preço do livro: R$ 28,00
Preço do livro (Lançamento): R$ 25,00





Fonte: Ascom/EdUFBA

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Despertar de uma borboleta























Acorda... É hora de viver
Abre as asas a jovem borboleta
São tão belas e delicadas
Mas aguarda... ainda não pode utilizá-las

Sei... quer logo voar
Esperar a deixa inquieta
Afinal, para quê abandonou o casulo
Se ainda não pode conquistar o mundo?

Contorce-se a borboleta
Paciência, a vida é um estágio
E cada etapa vencida é um presságio
De novas surpresas da natureza

Quando era ovo, pequenino e delicado,
Sua trajetória não era capaz de imaginar
Muito menos que um dia poderia voar

Foi lagarta voraz e rastejante
Ferindo ou camuflando-se, se defendia dos perigos
Não confiava em ninguém, afinal só enxergava inimigos

Depois, solitária e exausta daquela vida sem aspirações,
Decidiu pela metamorfose necessária
E recolheu-se numa frágil e silenciosa crisálida

Ali, sem luz, sem alimento, em segredo
Teceu o seu futuro na clausura
Esforçou-se por perder as armaduras
Que a prendiam a um passado obsoleto

E então, após uma longa espera
A mudança mais completa e incrível!
O corpo grosseiro e escravo
Agora é tão belo e sensível!

O mundo parece tão vasto
E veja só quantas cores!
Deixe para trás as folhas
Poderá planar sobre as flores!

Borboleta, para quê tanta ansiedade?
Espere apenas suas asas secarem
Para voar certa e segura ao encontro de sua felicidade!


*Por Aline D’Eça
Em 12 de julho de 2010

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Chegando aos 30

30 anos, não dá mais para adiar...

Agradecer à genética pelo corpo saudável, adquirido sem qualquer esforço,
Mas parar de brincar com a sorte:
Cuidar da alimentação e entrar para a academia

Vestir menos calças jeans e usar mais vestidos
Tentar ser menos básica e mais feminina
E ter no guarda-roupa apenas peças realmente necessárias

Buscar a cada dia um pouco mais da minha essência
Preocupar-me menos com as aparências
E encontrar o equilíbrio entre as coisas materiais e espirituais

Antes de ficar tentando arrumar a bagunça da vida dos outros
Que tal por em ordem a minha vida?
Definitivamente, não sou nenhuma Amelie Poulain
Em primeiro lugar, é preciso pensar em mim.

Que tal criar novas metas e
Tocar os meus projetos?
E nunca, jamais, desistir de realizar meus sonhos

Viajar mais, trabalhar menos
Horas a mais de trabalho são horas a menos de vida
Aprender a usar as férias para férias e não para trabalhos extras
Dinheiro nunca vai ser mais importante que viver

Usar menos o cartão de crédito
Aprender a fazer compras no débito
E conseguir finalmente manter uma poupança

Ser mais caseira
Que seja mais agradável estar em casa que em um shopping
Mais gostoso comer na minha cozinha que em um restaurante

Curtir mais a vida real que a virtual
Ter com os amigos mais encontros presenciais
E não me conformar em manter contato com eles apenas em sites sociais

Encontrar um pai para os meus filhos
E ficar com ele até a chegada dos netinhos
Que este mesmo homem seja meu amado, meu amante, meu amigo
E que fiquemos juntos até que estejamos bem velhinhos

Cuidar sempre da minha palavra, ela é meu maior poder
E reflete o que se passa no meu coração

E, o mais importante, construir uma vida virtuosa
Que daqui a mais 30 anos eu possa olhar para trás
E admirar tudo que pude viver.


Por Aline D’Eça, em 2 de julho de 2010.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

terça-feira, 25 de maio de 2010

Só Amor

25/05/2010

Que eu seja só amor
Aquele que alimenta e ilumina
Aquele que acolhe e pacifica
Diante das intempéries da vida
Em cada chegada e em cada partida
Que eu seja só amor

Que eu seja só amor
Aquele que fortalece diante do sacrifício
Aquele que promove a elevação interior
E que me faz herói de mim mesmo
Que eu seja só amor

Que eu seja só amor
Aquele que silencia diante da ofensa
Aquele que estende a mão e que perdoa
E veste-se de caridade e gentileza
Que eu seja só amor

Que eu seja só amor
Aquele que coloca a serviço do Cristo
Aquele que dá seu testemunho
E que inspira na busca da sabedoria
Que eu seja só amor

Que eu seja só amor
E que ele me eduque e transforme
E que nele encontre amparo e luz

Que eu seja só amor
E que dele eu seja instrumento
Do sentimento maior que nos conduz

Que eu seja só amor
E nele encontre abrigo
Do maior de nossos amigos:
O amado mestre Jesus.


Por Aline D’Eça*

*Este poema foi escrito durante inspiradora aula do Esde.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Para trás























Certa vez conheci um homem
E com ele por muito tempo caminhei
Não sei exatamente onde o deixei
Mas ele ficou para trás

Eu não sou mais aquele velho homem
Eu não sinto o que ele sentia
Eu não ajo como ele agia

Para quê sofrer pelo que aquele homem fez?
De quê adianta condená-lo pelas suas escolhas,
Se ele já foi submetido ao pesado jugo
De sua própria consciência?

Eu não preciso insistir na lembrança daquele homem
Ele ficará guardado na turva memória
De um passado que não é muito distante

Aquele velho homem ignorava as leis da vida
E escolheu sementes erradas para semear
Mas, embora tenha tentado escapar,
Ele não conseguiu fugir da necessária colheita

Por muito tempo compartilhei com os enganos daquele homem
Mas já não preciso ficar com o que ele deixou
O passado daquele homem já não é meu
Eu não penso como ele pensava
Eu não acredito no que ele acreditava
O que ele era já não sou eu

Aquele homem passou
Aquele homem sofreu
Aquele homem caminhou
Aquele homem aprendeu

Não foi em vão que aquele homem chegou onde estou agora
Ele tinha uma vontade de vencer que ainda é minha
Mas agora ele tem outros objetivos

Aquele homem deixou as armas
E aprendeu a lutar uma nova luta
Aquele homem aprendeu a resistir
Em uma nova forma de resistência
Aquele homem teve um passado
Mas hoje ele tem o futuro
E em sua busca ele tem encontrando oportunidades
Que oferecem novos sentidos à sua existência

Eu tive um encontro com o velho homem
E o novo homem ainda tenta um encontro consigo

Pois uma coisa ainda falta àquele homem:
A inadiável necessidade de se perdoar
Mas sei que eu estou tentando
E certamente ele conseguirá.





Por Aline D’Eça

Em 20/05/2010

domingo, 9 de maio de 2010

Procura-se


















Procura-se:
A cumplicidade de um olhar
O aconchego de um abraço
A delicadeza de um suspiro
O calor de um beijo
O torpor de um perfume
A saciedade de um desejo

Procura-se:
O poder de uma palavra
A segurança das mãos dadas
A união de dois corpos
A sincronia dos movimentos
A entrega de duas almas

Procura-se:
O encorajamento diante de um receio
A compreensão diante de um erro
O estímulo perante as dificuldades
O conselho em um momento de dúvidas
O equilíbrio perante um debate

Procura-se:
A consolação diante de uma lágrima
A esperança em um momento de aflição
O cuidado em um momento de dor
A calma em um momento de agonia
O bom humor que arrebate um sorriso
Um gesto que desperte alegria

Procura-se:
O afago em um momento de carência
O calor em um dia de chuva
A parceria para uma dança
A companhia para uma viagem
Uma brincadeira para voltar a ser criança

Procura-se:
Um jeito novo de viver
Algo em que acreditar
Um sentimento bom de sentir
O amor para simplesmente amar.

Por Aline D'Eça
Em 09/05/2010

quinta-feira, 25 de março de 2010

Vontades



Vontade de gritar!
Ou de ficar em um silêncio tão profundo
Onde só possa escutar a minha respiração
Vontade de estar
No meio de uma multidão
Desde que eu tivesse o poder
De desvendar o que se passa em cada coração
Vontade de reconhecer
A singularidade dos pensamentos
De pessoas conhecidas e anônimas
E ter a clareza de seus sentimentos
Vontade de prever
Onde vai dar cada caminho
Onde se escondem as oportunidades
E desviar-me das ciladas que me deixam sozinho
Ah... Vontade de fugir
Para um lugar que não conheço
Sair em busca da felicidade...
Vontade de sentir
Outras emoções
Ou de descobrir novas habilidades
Vontade de adquirir
Algo que não tenha preço
Mas que tenha um valor inestimável
Para o meu coração
Ah... Que vontade de partir daqui
E correr em sua direção!


Por Aline D’Eça
25/03/2010

quarta-feira, 24 de março de 2010

Talvez


Desta vez não
Eu não quero me machucar
Nem estou disposta a me arriscar tanto assim
Ninguém sabe o que passei
E os anos que levei cuidando de mim

Desta vez um sim
Pode ser arriscado demais
Eu não sei, desta vez, não sei
Até onde posso me envolver
Sem perder tudo que conquistei

Desta vez, um talvez
É tudo que pode ser...
Se se trata de uma ilusão
É mais fácil sonhar acordada
Que, mais uma vez, destroçar o meu coração.


Por Aline D'Eça

domingo, 21 de março de 2010

Preste atenção

21/03/2010

Veja bem
Eu não sei dizer
O que se passa em meu coração
Eu não sei mentir
Mas também não sei deixar claro
O que acontece em mim
Preste atenção
Encontre as respostas
Sem precisar perguntar
O que consegue encontrar no meu olhar?
Esse meu jeito atrapalhado
De querer e de fugir
É apenas mais uma maneira
De buscar proteção
Veja bem
Qual a necessidade de estar diante do amor
E a ele dizer não?


Por Aline D’Eça

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Mereço

15/05/1999

Não sei se posso aceitar,
mas entendo
Sim, há como reparar,
e eu mereço

Se sua capacidade é pouca,
já que não sabe amar,
sua felicidade é louca,
ninguém pode acreditar

Minha infelicidade é demais
E só eu sei perceber
Como serei capaz,
meu amor, de te ter?

Peço aos anjos
aos cupidos
aos teus heróis
e aos teus amigos

Que me coloquem no teu caminho,
em teu destino
Que façam com que seja meu o teu ninho
para cometermos desatinos

Ser, então, a dona do teu futuro
Somente tua, seja na luz ou no escuro
Ser a tua estrela preferida
E fazer tua a minha vida.


Por Aline D’Eça

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Leves asas


















De todo peito cheio, dolorido
O teu olhar e o teu sorriso não explicam
De toda tua vida preenchido
Coração, escravo errante, só suplica

Preenche o vazio de ar
Tenta substituir o que lá não está
Mesmo tentando mentir
O que sonha não encontra ali

Tentaste colher um amor
E olha só o que criou
Criaste um amor sem sentido
Que bate apenas em meu peito, esquecido

Leves asas, ilusão de um só
Não se ama por dois
Quem não ama, no coração não tem dó
Voa em silêncio e esquece o depois

Nunca soubeste o que comigo faz
Se pudesse ver nos olhos meus
Saberia do que o teu desejo é capaz
Para quê alimentar um amor de adeus?



Por Aline D’Eça
Em 13/01/1999

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

2 de fevereiro


Grande foi o número de ondas que se quebrou na praia
Desde que partiram para o mar
Pescadores, confiantes ou indecisos, medrosos ou destemidos,
Em um mesmo barco, à procura de boa pescaria
Mas o mar, traiçoeiro e revolto, deixou água entrar no convés,
O sonho quase cair
Quantas noites insones!
Pescador, sem desistir, levantou velas, enfrentou ondas, seguiu caminho
Novos ventos sopraram
Companheiros desembarcaram
E chegou o grande dia
De retornar à terra firme
O velho tempo terminou...
E o pescador desce do barco mais experiente, mais inteiro
Descansa os pés na areia, olha pr'o mar
Reflete os anos passados, sente saudades dos que com ele lutaram
E rende graças aos céus, a todos os santos e a Iemanjá
É chegado o dois de fevereiro
É noite de lua cheia
Ouçam! É o canto da Sereia!
Inaê, Mucunã, Rainha do Mar, Janaína vem batizar
Vitoriosos, pescadores recebem apelido em Yorubá:
Omísínà, nome de sorte, o poder das águas que abrem caminhos
Que a benção da mãe-orixá que dança no mar
Traga sucesso pr'a nossas vidas,
Pois hoje a despedida indica para nós uma nova partida!


Por Aline D'Eça

Obs.: Esta foi a "Mensagem da Turma" escrita por mim para o convite de formatura.

Aos Deuses

2/02/2007

Hoje tem festa no terreiro
Procissão nas ruas para todos os santos
Os deuses reuniram-se no Olimpo
É dia de festejar
Osíris, deus do sol, convidou
São Jorge, guerreiro da lua, chegou
Mandem tremular os tambores
Lá vem Zeus, rei dos deuses e dos homens
Ecoou nos mares o canto de Iemanjá
Netuno de longe escutou
O Senhor do Bonfim já chegou
É dia de festa no céu, na terra e no mar
Eparrei, Iansã!
Salve Maria, Nossa Senhora!
A homenagem é para todos
Os santos, bons espíritos, deuses e orixás
Que conduziram até aqui o nosso caminhar
A todas as forças supremas, rendemos este tributo
Nosso coração hoje é o nosso altar
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo,
Agradecemos por esta vitória
E levamos aos céus um pedido:
continuem a nos guiar.
Oxalá!

Por Aline D'Eça


Obs.: Este foi um dos textos escritos por mim para o convite de formatura da turma de Comunicação Social 2006.2 da UFBA, celebrada em 2 de fevereiro de 2007.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Vinte e três

23/08/1999

Foi o dia mais feliz
Tanta luz a me invadir
(noite de ilusões)
Foi tudo que eu sempre quis

Foi tamanha a beleza do sonho
Que se realizou e nem me deixou dormir
Pois não quis deixá-lo fugir
(não pude imaginar que teria o sossego perdido)

Seria capaz de te ter
Ainda que eu pudesse enxergar que de muito ganhar
Tudo poderia perder
(te perdi, mas confesso, foi bom ficar com você)

Ganhei dias tristes
Meus sonhos todos ficaram
Adormecidos em seu coração
E ainda assim eles resistem

Foi-se o dia
Foi-se um ano
E depois de tanto caminhar
Acho que consegui cumprir o destino
De quem anda em círculos:
cheguei ao mesmo lugar...
(e você, como está?)

Não terei coragem para dizer
Mas haverá a hora
Que você irá saber
Deste amor que clama
Que pede pra sobreviver
Deste amor que é chama
Que não mataria
Mas de amar morreria
Só para te ter.

(foi o dia que eu sempre quis,
o presente mais bonito,
quero que sejas feliz!)


Por Aline D’Eça

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Sem rumo II

04/05/2000


Nenhum rumo
Nenhuma indicação
Nenhum sentido ao meu caminho
Como te encontrar
Para não seguir sozinho?

Barco sem rumo,
Sem vento e sem vela
Arrastado pela correnteza
Certamente atracará
No porto da tristeza

Um poço
Uma armadilha
Uma cruz a carregar: a solidão
A esperança, às vezes, é uma máscara
Que veste a ilusão

Nem o sol
Nem a lua
Perdido neste labirinto escuro
O farol que me guiava
Era o teu amor, meu porto seguro

Uma chuva no deserto
O encontro de nós dois
Um refúgio, uma tenda
Talvez seja esse amor,
Nossa estória, uma lenda.

Por Aline D’Eça

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Sem rumo I

04/05/2000
Nem teus olhos tão ausentes
Dos meus olhos tão tristonhos
Para trazer de volta ao meu céu estrelas cadentes

Nem o teu sorriso tão distante
De minha boca tão sedenta
Para trazer-me alegria neste instante

Nem a tua voz tão serena
A me explicar as coisas da vida
Para tornar minha caminhada mais amena

Nem o teu toque tão inocente
A afagar, com carinho, os meus cabelos
Para conseguir tornar-me mais paciente

Nem a tua força, o teu abraço,
A tirar meus pés do chão
Para aliviar o meu cansaço

Sem a tua voz, teu carinho
Fica difícil, quase impossível,
Seguir sozinho...



Por Aline D’Eça

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Te sentir



Posso sentir o cheiro das flores
A primavera chegou mais cedo
Com o seu sorriso

Posso sentir a plenitude
Da certeza de um sonho
prestes a se realizar

Posso sentir em meu peito
um coração que tenta, em vão, manter o ritmo
São novas a dança e a melodia

Posso sentir que em breve
sua imagem enfeitará minhas noites
e nas manhãs será como o primeiro raio de sol

Posso sentir seu perfume
em todo ar que eu respirar
A todo tempo, comigo ele estará

Posso sentir, não deixo de acreditar,
o Amor está presente
Quero enxergá-lo nos seus olhos

Posso sentir que já somos um
e que podemos ser três.

Por Aline D’Eça
Em 09/09/1999

domingo, 10 de janeiro de 2010

Aplausos

Aquele tempo em que eu, ainda menina,
deitava minha cabeça em seu colo
para ganhar um carinho das suas mãos delicadas em meus cabelos

Aquele tempo em que eu, muito traquina,
bagunçava a sua casa, corria pela sala, quebrava suas coisas
e você, muito zangada, pedia para eu ser menos desastrada

Aquele tempo em que eu, garota curiosa,
mal sabia ler, pouco sabia escrever, olhava a sua estante repleta de livros
e calculava quanto tempo eu levaria para lê-los por inteiro

Aquele tempo em que eu nada sabia da vida
lia suas poesias, via suas fotografias,
mas sem sentir a sua emoção, sem perceber a sua visão

Aquele tempo passou
e, sem querer, você me ensinou
a flagrar a vida com os olhos de um poeta
que espiona a Terra como um satélite
e conta a história das mulheres, de homens e do mundo

Aquele tempo ficou
imortalizado nas lembranças infantis
de uma mulher que hoje te aplaude
e que, com as suas vitórias, também é feliz.

Por Aline D’Eça
Em 05/03/2003

Uma homenagem para a minha madrinha, a grande poetisa e escritora Maria Lígia Madureira Pina.

Meu menino


Ver-te dormir sorrindo, meu menino,
É o maior bem que se tem
Acordar ao lado teu
É ter o céu azul para voar
O teu olhar... só ele tem o brilho
E o dom de me envolver
Submete-me aos teus caprichos
Meu menino,
É tão bom te ver sentindo
Prazer nos braços meus...
Ninar-te e depois te ver adormecer no meu colo
Como um brinquedo, o meu brinquedo
Sou tua criança e teu guia
Faça o que quiser de mim
Pode fazer-me teu mundo
Pode morar em mim
Mas, se quiser partir,
Não me arrastarei aos teus pés
Nem te ofenderei
Nem me afogarei em lágrimas
Só, ficarei te esperando...
E quando chegares da luta, ferido ou não,
Voltarás desejando descansar
No calor dos meus abraços
E quando, neste momento, teus olhos perceberem
Uma lágrima nos olhos meus
Talvez questione:
- Por que choras? Sentes dor?
E, então, responderei:
- Choro pois não percebeste, meu menino, até agora
Que minhas lágrimas são por teu amor.



Por Aline D’Eça
Em 24/08/1998

sábado, 9 de janeiro de 2010

Medo de tentar

O medo de amar
é o medo de ser livre
É não saber escolher
a melhor maneira para viver

Há quem prefira não se arriscar
E continua dominado por instintos
Preso a sensações passageiras,
corrompidas pelo egoísmo

O medo de amar
é o medo de dar
o que se deseja para si

O Amor é o Sol interior
É preciso abrir as cortinas
e deixar a luz entrar
É preciso arrastar os móveis
e ter espaço para dançar
É preciso não ter medo de errar,
ter coragem e tentar

O amor é imortal,
mas qualquer mortal pode ter.



Por Aline D’Eça
Em 24/08/1999