domingo, 10 de janeiro de 2010

Aplausos

Aquele tempo em que eu, ainda menina,
deitava minha cabeça em seu colo
para ganhar um carinho das suas mãos delicadas em meus cabelos

Aquele tempo em que eu, muito traquina,
bagunçava a sua casa, corria pela sala, quebrava suas coisas
e você, muito zangada, pedia para eu ser menos desastrada

Aquele tempo em que eu, garota curiosa,
mal sabia ler, pouco sabia escrever, olhava a sua estante repleta de livros
e calculava quanto tempo eu levaria para lê-los por inteiro

Aquele tempo em que eu nada sabia da vida
lia suas poesias, via suas fotografias,
mas sem sentir a sua emoção, sem perceber a sua visão

Aquele tempo passou
e, sem querer, você me ensinou
a flagrar a vida com os olhos de um poeta
que espiona a Terra como um satélite
e conta a história das mulheres, de homens e do mundo

Aquele tempo ficou
imortalizado nas lembranças infantis
de uma mulher que hoje te aplaude
e que, com as suas vitórias, também é feliz.

Por Aline D’Eça
Em 05/03/2003

Uma homenagem para a minha madrinha, a grande poetisa e escritora Maria Lígia Madureira Pina.

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