05/08/2006
Tudo é escuro, mas ela chega aos poucos
Como olhos que se abrem sem pressa
Depois de uma longa noite de sonhos...
Sua presença, não necessita anunciar
Basta acreditar que ela estará ali
Após seu solitário caminho
Sim, é dona de si
Entre tantas estrelas que brilham continuamente
Na busca frenética de mais e mais atenção e olhares
Ela prefere ocultar-se por instantes
E chegar devagarzinho
No meio do espetáculo
Sem anúncio
Sem ressalvas
Sem exigências
Colocando-se entre os últimos lugares
Todavia, basta apontar no horizonte para que seja notada
Não por todos os olhares,
Mas pelos sensíveis à sua presença...
E, ainda tímida, ela vai se aproximando do palco
Desviando mais olhares
Até tornar-se, sem nenhum esforço, o centro do espetáculo
Por sua luz e por sua beleza
Os céus, os palcos, as vidas brilham
Em branco ou prateado
Tudo é luz!
Tudo é encanto!
Mas, mesmo sabendo que ela partirá mais tarde,
Com a mesma delicadeza da vinda,
Quem com isso se importará?
Se o mundo ficou tão belo de repente...
A tímida lua...
Ainda que ela tente passar despercebida
Nunca nessa vida alguém a viu
E foi capaz de, na memória, tê-la esquecida.
Por Aline D'Eça
Sim, sou mais uma apaixonada pela lua. Inevitável é o fascínio por este satélite, sou canceriana... Sinto-me como a "Lua Adversa" de Cecília, aquela que "tem fases" ... "que vão e que vêm, no secreto calendário que um astrólogo arbitrário inventou para meu uso".
Após escrever esse texto, que teve como motivo uma bela noite de contemplação ao satélite em sua fase mais completa, lembrei-me de alguém , canceriana como eu, mas que tem a vantagem de ser conhecida por um nome derivado da lua. Corri e enderecei também para a minha amiga. Foi uma dupla homenagem: para a lua do céu e para a Lua da Terra.