domingo, 17 de outubro de 2010

Embaralho

Tudo parece calmo
Um instante passou pelo avesso
E eu aqui no meu quarto
Revirando meu travesseiro

A vida lá fora me chama
O vento sopra a favor
A estabilidade indica
Tempo de alçar vôo

Mas aqui no meu canto
Perdida entre mil perguntas
Tento traçar qualquer plano
Talvez mais uma rota de fuga

Escolho as cartas
Não jogo
Embaralho

Tento outra aposta
A roleta gira
Não posso blefar desta vez

Fecho os olhos,
Mas a mente não para
O que fazer com esse medo?

Como apostar na felicidade
Se eu não sei como se faz
Nem nunca fui livre de verdade?

Por Aline D’Eça
17/10/2010

Um comentário:

  1. Não sei o quanto de Aline D'Eça existe nesta poesia, mas pelo pouco que conheço dela existe muito. E encerra com um questinamento instigante: como apostar na felicidade?

    Você apostou bem, Aline, quando uniu ao jornalismo a literatura. Acabei de ler "Filhos do cárcere" e em nenhum momento da leitura me senti lendo um livro-reportagem. Na minha visão, o que você construiu lindamente foi pura poesia. Certamente, foi uma boa aposta desvelar as cores que existem por trás dos muros. Entre um outro mundo e uma tarde no jardim, muitos mundos foram revelados e compartilhados.

    Comecei a leitura em um início de manhã sob o sol forte e quente da primavera, à beira de uma piscina, no ano de 2010. Terminei na primavera de 2006 que você criou, no Centro Nova Semente, que tive o prazer de conhecer através da ponte de amor que você tão acertadamente traduziu em palavras.

    Traçe novos planos, porque isso faz parte de pessoas que têm mentes inquietas (sei bem o que é isso), mas uma coisa é certa: Você tem razão. Você nunca foi livre de verdade. Seu cárcere é a escrita. :-)

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