sábado, 2 de abril de 2011

Eu, adversa?












Deixar de ser autêntico em razão do que os outros vão julgar é covardia.
Ridículo mesmo é fingir ser o que não se é.
A mentira aprisiona...
Liberdade é poder ser integralmente quem é, mesmo quando suas posições parecem adversas.
Eu não quero perder tempo na escolha de disfarces
Nem aceitarei ser etiquetada ou amoldada a esta ou aquela casta.
Ou o bem ou o mal, ou isso ou aquilo...
Detesto dualidades!
Por que não poderia ter boas e más atitudes, se sou boa e sou má, se estou certa e estou errada, e se sou tudo isso ao mesmo tempo?
Sou luz e sou escuridão!
Passamos a vida inteira tentando ser livres e felizes
E nos aprisionando voluntariamente a coisas, pessoas, aparências, pensamentos, opiniões e sentimentos inúteis.
Assim, os momentos felizes chegam e vão embora,
Mas a sensação de aprisionamento fica, sempre.
Insistir em viver assim é nunca se permitir ser pleno.
Eu quero tentar... Viver o que estiver disposta a viver
Ser quem eu quiser ser, mas sempre de verdade.
Eu quero tirar esse sábado para dançar, o domingo para rezar
Posso ser forte em um momento, extremamente frágil em outro
Afinal, há algo de errado em adorar música clássica e também samba, rock, reggae, pagode?
Eu seleciono o que ouvir e pensar, sentir e gostar. Tudo ao meu critério.
Tenho em mim a consciência do que é certo e do que é errado.
Mas não estou a fim de julgar quem é certo e quem é errado.
Afinal, não tenho esse direito. Ninguém tem.
Para quê perder tempo com isso, se eu posso tanta coisa?
Posso tentar ser mais espiritualizada e, ainda assim, não resistir a uma liquidação...
 Posso ser indiferente às notícias sobre a crise econômica mundial, mas sentir a dor de uma mãe que acaba de perder um filho.
Posso estar elegantemente vestida aqui, praticamente despida ali;
Ser liberal com umas coisas, careta com outras;
Escrever um livro hoje, falar um monte de besteira amanhã.
Estar em um templo de manhã, em um barzinho de noite
Posso crer em Deus, em Jesus, nos espíritos, e não confiar nos homens;
Posso não temer a morte e ter pavor de morcegos.
Nada disso é contraditório, tudo isso sou eu.
Muito prazer.



Por Aline D’Eça
Em 27/03/2011

2 comentários:

  1. Muito prazer mesmo, pois sei que és assim. Que bom essa analise viva de você mesma, isso poucas pessoas são capazes de fazer:enfrentamento consigo mesmo. Amei sua maturidade, realidade e acima de tudo, reconlhecimento das fraquezas e das suas realidades. Beijos,

    SOLANGE MEINKING

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  2. Não sei de quem é a autoria, mas li recentemente que um poema bom é aquele que nos dá a impressão de que estamos sendo lidos e não nós a ele. É assim que boa parte das vezes me sinto nesta misteriosa caixa. Eu li um pouco de mim na sua adversidade. :-)

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