Eu
sou resultado de tudo que já vivi. Uma só vida não consegue me definir. Se
pudesse voltar no tempo para investigar a origem de todos os sentimentos que
tenho, de todas as aptidões e habilidades, de todos os defeitos e qualidades,
de tudo que sou, teria que vencer a barreira do nascimento, pois muitos deles adquiri
antes do ventre.
Às
vezes, quando fecho os olhos, vejo além do que eu sou. Vejo-me em outro corpo,
outro sexo, outra época, outra cidade, mas ali estou de verdade. Alguns
chamarão de tolice ou ilusão, mas para isso eu encontrei uma explicação: eu sou
um Espírito reencarnado.
Os
rostos e nomes que tive escondem-se atrás do véu do esquecimento. Mas a
essência, o que tenho de bom e de mau, não está no corpo, mas no Espírito. Quem
eu sou hoje revela quem eu fui ontem e define quem serei amanhã. O meu corpo é
perecível como outros tantos que já tive Como espírito, sou imortal.
Estou
destinado à perfeição, mas ela não se adquire em uma só vida. Por isso,
necessito sempre de uma nova oportunidade no corpo material. Instrumento
valioso, mas que se desgasta e não se renova, o corpo carece substituição. Depois
de viver uma existência material e após a morte do corpo atual, precisarei
nascer de novo para dar continuidade à minha jornada de evolução. É assim que
acontece com todos os espíritos: existências e mais existências até que se
alcance a perfeição.
Se
em uma vida avanço um pouco no âmbito moral, em outra terei a chance de
desenvolvimento intelectual. Como espírito, posso progredir sempre, estacionar
às vezes, mas nunca retroagir. O meu progresso espiritual se dará na mesma
medida dos esforços que eu fizer para vencer a mim mesmo e colaborar para o
progresso universal.
Sou
um espírito reencarnado e, como tal, tenho um passado. Mas ele não me importa. Eu
sou um espírito hoje e amanhã, em outro corpo, o mesmo espírito serei. Fui
criado para o Amor e a ele para sempre pertencerei.
Por
Aline D’Eça
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