sábado, 2 de novembro de 2013

Eu sou um espírito imortal





Eu sou para sempre. Embora não seja para sempre igual. Sou alguma coisa inteligente além do corpo material. Sinto pertencer ao universo e, como ele, estar em constante mutação. Sou resultado do que eu já fui e, hoje, ainda sou construção.

Sou além do que vejo, além do que sinto, além do que penso. Em mim, existe algo mais amplo, que vai além das lembranças e sentidos. Sou fragmentos de uma história registrada em desconhecido arquivo. Uma vastidão de “eus” esconde-se em alguma parte escura da memória: vários rostos que se embaralham atrás de um mesmo véu.

Eu não sou apenas o que no espelho está refletido. Não sou abstrato, sou real. Sou além de um nome e de uma imagem: existo e tenho um sentido. Sou reflexo do meu conteúdo mental.

Apesar das desigualdades, reconheço-me em imagens que nos outros projeto. Sou construção coletiva, mas tenho a singularidade. E do meu destino sou o arquiteto.

Em algum lugar em mim, há uma luz que irradia e uma escuridão que interroga. Mergulho para dentro em busca de respostas. Às vezes, sem ar e sem coragem, me recuso à necessária imersão. Mas a vida me convida a prosseguir, em benefício da minha evolução.

Sou um mundo dentro de outro mundo. Sou o princípio e não sou o fim. Sou vasto, incógnito e profundo.

Sou razão e sou emoção, um emaranhado de pensamentos e sentimentos. Atraio meus pares por afinidade. Às vezes acredito ser o que não sou, mas a vida traz sempre a lição da verdade.

Sou novo e sou antigo. Acumulo experiências e estou em constante aprendizado. Traço novos caminhos e, caminhando, às vezes repito os tropeços. Mas tenho sempre a chance do recomeço.

Sou ser livre em temporário cativeiro material. Sou o responsável pelo meu progresso. Trilho o meu destino universal.

Sou o ponto de continuação. Trago bagagens de outras existências. Estou em constante chegada e partida. Sou o comandante da viagem, o condutor do veículo, o que escolhe a direção da minha vida. 

Sou único e sou sozinho. Não há no universo outro igual. Sou o que sou. Sou inteiro. Eu sou um espírito imortal.


Por Aline D’Eça em 02/08/2013.

sábado, 24 de agosto de 2013

É o amor desta vez




É o amor desta vez
E tem sabor de fruta madura
Colhida no tempo certo
E devorada com a delicadeza
De quem plantou a semente
E esperou a colheita,
De quem viu nascer a flor
Em cada olhar, cada sorriso
No sentimento que desabrochou
Que era amizade
E que agora é amor.

É o amor desta vez
E ele chega para dois inteiros
Que muito aprenderam com a vida
E já caminhavam tranquilos, seguros e sozinhos
Mas que se encontraram na estrada
E decidiram percorrer juntos o mesmo caminho.

É o amor desta vez
E ele tem força e leveza
Como os primeiros raios de sol
Que dissipam a escuridão
Ele chegou suave e intenso
Iluminando dois corações.

É o amor desta vez
E ele tem a segurança da cumplicidade
Como dois pássaros que constroem um ninho
Eles têm o céu e a liberdade
Mas voltam um para o outro
Após voarem sozinhos

É o amor desta vez
E ele chegou sem avisar
Como uma bela surpresa
Mas trazendo a certeza
De que chegou para ficar.

Por Aline D’Eça
Em 24/08/2013

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Brasileirinho





Lá vai passando um menino
Ele carrega um pedido
Rabiscado em um cartaz
Na verdade, não é só isso
Ele pede muito mais

Lá vai o menino marchando
Sua voz se espalhando
Por ruas, viadutos, avenidas

Para ele não importa o caminho
Ele segue caminhando
Ele vai às ruas e ele convida

Todos os cansados
Todos os aflitos
Param pra ouvir o menino
Ele extravasa sua dor
Em um apito
Em um tambor
Em um grito

Lá vai passando um menino
Ele saiu do comodismo
Da esperança sem luta

Lá vai passando um menino
Ouçam, que bonito!
Alguém o escuta

Ouçam as vozes pelo caminho
É o menino que vai passando
E ele já não passa sozinho.


Por Aline D’Eça
Em 18/06/2013

domingo, 16 de junho de 2013

PELO AR



















E se o mundo virasse de cabeça para baixo
E tivéssemos que morar nas nuvens
E caminhar pelo céu, tapete de azul infinito,
Com cuidado para não tropeçar em estrelas?
E se o mar fosse o nosso teto
E, olhando para cima, admirássemos
Os golfinhos a saltar
As baleias a bailar
E contássemos as estrelas do mar?
E se a Lua fosse o nosso refúgio
E passássemos as férias nos anéis de Saturno
A lua de mel em Vênus
E o verão em Mercúrio?
E se pudéssemos pegar carona
Na cauda de um cometa
Ou viajar em uma estrela cadente
E voássemos por entre florestas e rios
E admirássemos as paisagens da Terra
E se, admirados, sonhássemos em colocar os pés no chão
E, assim, passássemos a dar mais valor
Ao que já temos a nossa disposição?

Por Aline D’Eça
Em 15/06/2013

domingo, 9 de junho de 2013

SUJEITO E PREDICADO

























Tem um espaço reservado em meu peito
E toda noite, quando eu deito,
ele se amplia, invadindo o meu leito.
Se é ausência ou presença, eu não sei.
Eu só quero dar um jeito
neste coração desordenado
que, sem ritmo e sem compasso,
pulsa com defeito.
Porque amar é verbo, é predicado
mas exige um sujeito.

Por Aline D’Eça
09/06/2013