domingo, 27 de maio de 2012

Desculpas



Desculpe, se eu não te acho
Se acaso te procuro no lugar errado
Ou se sigo no caminho certo
Mas perco-me em meus passos
Desculpe, pelo clamor do corpo
Se eu me desnudo ou se me guardo
Se te confundo com um estranho
Ou se aos instintos não satisfaço 

Desculpe, se me distraio
E não te encontro na esquina certa
Se meus olhos te olharem, mas não te verem
Se eu não ouvir o seu alerta 

Desculpe, mas não tenho culpa
Se acaso moro em um país estranho
Se não estou no seu caminho
Ou se nasci no tempo errado 

Desculpe, se acaso me atrasei
Ou se andei por um caminho escuro
Se não cheguei a tempo
Ou se no passado te deixei  

Desculpe, mas para quê tantas desculpas?
Se as distâncias podem ser vencidas,
Se os enganos podem ser reparados,
Se você estiver disposto a amar,
E se eu estiver ao seu lado?
.

Por Aline D’Eça
Em 27/05/2012

domingo, 6 de maio de 2012

A procura


Às vezes fico me perguntando: por que tanto desencontro nesse mundo? Por que as pessoas vagam numa eterna procura? O que procuram? Quem procuram? Por que não se encontram mesmo quando estão tão próximas? Por que não se encontram mesmo quando estão tanto tempo juntas? Para todos esses questionamentos, ainda não encontrei respostas. Mas cheguei a novas perguntas... As pessoas não se encontram porque ainda não conseguiram o encontro verdadeiro consigo próprias? Ficam vagando a procura de algo que precisa ser encontrado primeiro nelas? Será que não conseguem enxergar o outro, por mais próximo que ele seja, porque ainda não fazem isso consigo mesmas?
Quando falo de “encontro”, não me refiro ao ato fortuito de estar com alguém, mas do encontro profundo, aquele relacionado ao ato de conhecer verdadeiramente alguém, de compreendê-lo, aceitá-lo, amá-lo. Falo daquele encontro que une as almas. Não almas gêmeas, pois acredito mesmo na individualidade do ser. Mas almas diferentes dispostas a unirem-se, a crescerem juntas e a amar.
Acredito que é isso que as pessoas procuram. Eu procuro. Mas não basta procurar, é preciso ir ao encontro.
Entretanto, para onde ir? Andar em que direção? A primeira estrada que segui, foi um triste engano. Mas permitiu que eu descobrisse muito cedo que, para encontrar o que eu quero, antes precisava me encontrar. E esse não é um encontro fácil. O espelho nunca diz tudo o que somos. É preciso um mergulho interior, para o qual nem sempre temos fôlego suficiente. Mas podemos ter controle sobre ele e conseguir imergir cada dia um pouquinho mais.  
Infelizmente, nem todos estão dispostos a enfrentar o autoconhecimento. O que torna mais difícil “o encontro”.
Estar sozinho é difícil. As pessoas cobram, as conveniências cobram, o corpo cobra. Mas a solidão pode não ser necessariamente uma experiência dolorosa,  mas um instrumento muito importante de crescimento e preparação para o amor.
Hoje sei o que quero. Porque sei, porque confio, espero. Não preciso forçar situações, o amor não se manifesta à força. Ele não se impõe. Ele desabrocha aos poucos. O amor é construção.
Não, não espero por um príncipe encantado. Eu não gosto de nada pronto. Quero fazer parte desta construção. Não quero um homem perfeito, pois ele não existe neste mundo. Mas um homem pleno de si, ciente da sua condição e em busca da perfeição. Uma pessoa que, como eu, acredite que quando se tenta ser melhor para si, já está sendo melhor para o mundo.


Por Aline D’Eça
Em 26/10/2009
*Depoimento sobre "relacionamentos" escrito a pedido de minha amiga e psicoterapeuta Solange Meinking.