sábado, 11 de abril de 2009

Decidir



Que fique com o limite do corpo
Aquele que não quer voar
Pois o sonho quer constante esforço
E é da alma que ele irá cobrar

Que a mesa seja farta
Quando o coração é pobre
Pois quando o Amor não falta
Não há dinheiro que o compre

Que seja dado ao que fere
A benção do perdão
Para que, ferido, ele se recupere
E aprenda a estender suas mãos

Que aos impacientes não seja dado
O desgosto de fazê-los esperar
Se para eles caridade é para os “fracos”
A estes “fracos” o fardo mais leve pesará

Que aos grandes seja permitido
Obter as grandezas da Terra
Eles não conhecem o Amor, são pequeninos
Diante da eternidade que os espera

Que não seja dada a dor e a doença
Àqueles que não sabem chorar
Pois a consolação é dada aos que têm fé e crença
E só os que sofrem sabem acreditar

Muitos escolhem caminhos fáceis, portas largas
Poucos escolhem caminhos difíceis, portas estreitas
A vida torna-se amarga
Quando a decisão é incorreta.


Por Aline D’Eça
22/04/1999

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Fascinação

Março de 1998

Ah! Desde que te vi, vi-me presa
Teu olhar, fascínio, causou-me febre
Ah! Desde que te vi, tive a certeza
De ser escrava do que tu queres

Como não te desejar?
Se do teu nome tenho prazer
Se quando a teus encantos me entregar
Sei... no mesmo tempo hei de gozar e de morrer

Vejo minhas mãos mergulhadas em teus cabelos
Vejo minhas mãos decorando teus contornos
Não se há palavras, há apelos
E o desejo de sentir teu corpo morno

Este corpo que se tornou meu templo
Tem por dom uma perfeita simetria
É tão fascinante que não olho, contemplo...
Puro delírio, ilusão ou fantasia

Num doce sonho mora esta ilusão
E desse sonho é que encontro vida
No teu olhar vejo paixão
E nos teus braços vejo-me perdida...


Por Aline D'Eça

Pacto

01/09/1998

És o que me faz viver
Estar contigo é desfrutar
De delícias
Então não me negue a vida
Nem o desfrute
De tuas malícias
Se sou tua
Então aceita o que é teu
Receba este corpo que é teu
E que apenas quer o teu corpo
Doa-me este sangue que é meu
Deixa-me sentir o gosto
Do que já deliciei
Da saliva, do suor, do corpo que amei
E...
Na sede
Embebede-me do teu veneno
Na fartura
Alimente-me do que sempre estou querendo
Na tristeza
Beba das minhas lágrimas
Na felicidade
Teu sorriso faz meu sonho, minha alma
Na fome
Quero todo o teu corpo
Na saúde
Quero todo teu esforço
Na doença
És minha cura
Na raiva
Quero toda tua fúria
No amor
Quero-te despido
E na morte
Minha alma está contigo.

Por Aline D'Eça

domingo, 5 de abril de 2009

Só para te enlouquecer



LevantaE o sol ainda não apareceuEspantaTudo que não esqueceuNão poderia apagar um amor assim
CriançaO medo quando escureceuLembrançaO abraço que te aqueceuSe então só saberia dizer sim
TristezaMentiu toda essa magiaEsqueçaQue só foi feliz naquele diaJá não há nada para te aquecer
Não acreditasteNesta brincadeira sem sentidoE então chorastePois não era teu aquele risoNão foi nada divertido para ti
Quando um coração só sabe amarÉ difícil acreditarImpossível entender
Quão estranho era aquele olharQue um dia se fez brilharSó para te enlouquecer
Quanta indiferença e quanto felNa boca que te aqueceuFica com a lembrança do beijo infielE dos olhos que não são mais teus.

Por Aline D'Eça

27/04/1999